O cantinho do Pim

31 outubro 2005

Renova, versão feminina

Anda no ar uma polémica acerca dos novos outdoors da Renova. Uns dizem que são profanos, outros que têm um lado gay, outros que simplesmente são chocantes... Na minha opinião, são geniais, mas o que me levou a este assunto foi outro caso: uma campanha semelhante que há pouco tempo quase chocava os italianos. E digo quase, porque a tal campanha foi censurada (e por isso nunca exibida) pela autoridade que regula a publicidade em Itália. Era mais ou menos como a da Renova, só que numa versão feminina...

A imagem pretendia publicitar a marca de criadores de moda francesa Marithé et François Girbaud, mas a tal autoridade italiana considerou, e passo a citar, que «a imagem é ofensiva para os crentes na religião, não só porque provoca reacções nos que praticam essa mesma religião mas também porque tenta elevar produtos comerciais ao mesmo nível que os símbolos religiosos e sagrados.» Olha, é pena que não tenha chegado até nós. Assim sendo, satisfaçam-se, então, as meninas com o anúncio da Renova. Se quiserem...

Eles andam aí

Era só mesmo o que faltava. Trrimmm!!! Abro a porta. À minha frente estão três crianças, uma vestida de bruxa, outra de fantasma, a última de monstro. «Doce ou susto? doce ou susto? doce ou susto?» Pela primeira vez, dava de caras com mais uma invasão das tradições norte-americanas, fruto de uma globalização cada vez mais orientada para aquele conjunto de Estados.
Alguns amigos disseram-me, mais tarde, que eu devia andar a dormir, que já há dois ou três anos que é assim, e que até nas escolas, por esta altura, os miúdos fazem trabalhos alusivos ao tema Halloween, noite das Bruxas... Por favor, amigos, para a próxima deixem-me ficar a dormir. Ah, quanto às crianças do início desta história, posso dizer que escolhi... o susto. Pronto, entrei no jogo.

28 outubro 2005

Qual crise?

«O Banco Espírito Santo (BES) fechou as contas dos primeiros nove meses deste ano com lucros de 208 milhões de euros, mais 19,9%, enquanto o produto bancário cresceu 6,6%, ascendendo a 1,091 mil milhões, apesar da conjuntura macroeconómica desfavorável e da forte concorrência no sector»
Diário de Notícias, 28/10/2005

«O BCP procedeu, em Setembro, à alienação de uma série de activos considerados não estratégicos, entre os quais se destacam o Banco Comercial de Macau e o Banco Intesa. Ao todo, o banco presidido por Paulo Teixeira Pinto encaixou 2,8 mil milhões de euros com estas operações, gerando potenciais mais-valias no valor de 957 milhões de euros»
D.N., 28/10/2005

«A Galpenergia apresentou resultados líquidos de 399 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, contra lucros de 143 milhões em 2004. Um crescimento de 80% (mais 177 milhões) face ao período entre Janeiro e Setembro do ano passado»
D.N., 27/10/2005

«A Brisa fechou o terceiro trimestre com um lucro de 163,4 milhões de euros, mais 2,8% do que no período homólogo de 2004»
D.N., 27/10/2005

Comentário: Infelizmente, vivemos tempos de crise em Portugal. Compreendo agora porque nos mandam apertar o cinto, e já consigo entender a necessidade constante de aumentar os preços da gasolina, de subir as taxas de juro e de acabar de uma vez por todas com as Scut's, colocando-lhes portagens. Ai, a crise, a crise...

27 outubro 2005

Tributo à vossa coragem

Agora que cá por casa passaram a ser duas, deixo aqui a justa homenagem à força inigualável das mulheres, através das três vencedoras dos Prémios Coragem em Jornalismo, justificados pela «força de carácter extraordinária e grande integridade ao trabalharem como jornalistas sob circunstâncias perigosas»:



Anja Niedringhaus, 40 anos, Alemanha
Repórter fotográfica da AP, fez a cobertura dos conflitos mais importantes a nível mundial, desde os Balcãs, nos anos 90, à guerra no Iraque. Em 1998, enquanto trabalhava no Kosovo, o carro em que viajava explodiu. Esteve entre o grupo de jornalistas que foi bombardeado por engano pelas forças da NATO na fronteira entre a Albânia e o Kosovo. Ganhou o prémio Pulitzer pelas fotografias que tirou no Iraque.


Sumi Khan, 35 anos, Bangladesh
É a única jornalista de crime em Bangladesh. Em Abril de 2004, recebeu ameaças relativas a um artigo que tinha escrito sobre a ligação de políticos e figuras religiosas a ataques contra grupos minoritários. Sofreu então uma tentativa de rapto, durante a qual foi espancada e esfaqueada com tal violência que ficou impedida de trabalhar por três meses. «A minha caneta é mais poderosa que as armas deles», afirmou durante a cerimónia.

Shahla Sherkat, 49 anos, Irão
É jornalista há 24 anos e dirige uma revista mensal intitulada "Zanan" (Mulher), no Irão. A revista aborda assuntos polémicos no país relacionados com as mulheres, nomeadamente as leis do divórcio, prostituição, sida, violência doméstica, assim como casos pessoais de mulheres que sofreram abusos de qualquer espécie. Em Janeiro de 2001, o tribunal de Teerão acusou-a de actividades anti-islâmicas e a jornalista foi condenada a pagar o equivalente a dois meses de salário.
Fonte: Público

25 outubro 2005

Ai a chama que arde e não se vê...

Acabei de ler isto num blog e não resisto a transcrever:

Existe mais poesia no olhar de quem ama do que em mil poemas, mas nem por isso devemos deixar de escrever mil poemas para mostrar ao mundo o que dizia esse olhar...

23 outubro 2005

Cinco dias, cinco noites

Pim de volta, mas apenas por alguns instantes. Depois de cinco dias e cinco noites a viver intensamente a linda e apaixonante Maria Rita, as sensações e as emoções caminham, ainda, em níveis muito elevados. É a loucura total, impossível de descrever em tão pouco tempo. Uma certeza: foram cinco dias e cinco noites incomparáveis a quaisquer outros da minha vida, até agora. Dou por mim a pensar se estes não terão sido os primeiros cinco dias do resto da minha vida, os primeiros de uma nova forma de estar, de uma nova forma de sentir. Foram, decerto! Por isso, e porque só agora encontrei um tempinho para dar um salto até este meu cantinho, aqui fica o agradecimento a todos os que nestes últimos cinco dias e cinco noites se lembraram do pim, da carlita e da maria rita, quer pessoalmente, quer através de sms’s ou de posts bloguianos. A todos, BOM DIA deste renovado Pim.

Bom Dia
Hoje eu tenho asas nos pés
Só me apetece dançar
Há tantas caras bonitas
Tantas mãos a acenar
Eu sou um balão colorido e mágico:
- Bom dia!

Ontem já passou
Amanhã pode ser bom
Mas hoje é o melhor dia que há
Nem preciso de fé
Eu felizmente não preciso de nada:
- Bom dia!

Hoje eu sou um homem contente
Ao serviço do amor
Sou o próprio sonho
E desconheço a dor
Eu sou o vagabundo mais feliz que existe:
- Bom dia!

Hoje eu sou mais forte dos deuses
Mais certeiro que a morte
Estou por cima da queda
Mais seguro que a sorte
Eu sou o universo inteiro a sorrir:
- Bom dia!

Poema de Jorge Palma (1986)

15 outubro 2005

Mãe preguiça

Conversa de café, um destes dias:
- Sabes, tenho dias em que a preguiça me ataca ferozmente. Ninguém consegue tirar-me de casa.
- Raio de vício esse da preguiça... Uma perda de tempo.
- Pois. Mas, atenção, a preguiça é a mãe de todos os vícios!
- ...
- E as mães têm de respeitar-se, sempre!

Innocent... Bond




Está muito pequenino, mas aí está ele! É este o tal de Daniel Craig, que dizem ser o novo James Bond. Nasceu em Chester (Inglaterra), em 1968, viveu em Liverpool e, agora, até já faz a pose de 007, o magano! Ai Connery, Connery... Ficam as amigas a saber quem é, pronto!

13 outubro 2005

Fim de tarde



Para quem estiver a trabalhar, aqui fica o fim de tarde de hoje no Meco. Descansem a alma, nem que seja por uns segundinhos. Força!

Gente boa

Está quase, quase. Faltam poucos dias para viver pela primeira vez essa experiência (dizem que é única, inigualável) de ser pai. A ansiedade, por isso, começa a atingir níveis até agora nunca sentidos. Pelo menos é assim que me sinto. Porque estou louco por saber como ela é, a rir, a chorar, a comer, a dormir. E, pronto, também as outras coisas menos boas, segundo me contam. Olhando os meus últimos posts - muitos deles de fanática desilusão por este estranho país em que vivemos - poderão pensar que estarei algo apreensivo por trazer a este mundo uma bebé indefesa, sem culpa do estado das coisas, mas, felizmente (e para já) sem a consciência do que a rodeia. Não! Não estou apreensivo! Porque à minha volta estão pessoas que me fazem acreditar que vale a pena. Muito! Gente boa de quem me lembro a cada beijão que dou na barriga imensa (será que ainda estica mais?) da carlita, recordando como é fantástico saber que a maria rita vem para um mundo onde existem (e existem mesmo...) pessoas lindas como tu e tu e tu e tu e tu. Uma sabe quem é (disse-lho um dia, já há algum tempo, e mantenho todas as letrinhas), as outras podem desconfiar à vontade. São mesmo vocês. Pronto, desabafei! A ansiedade tem destas coisas. Siga!

Vamos pá Estónia, filho!

Toca o telefone. Do outro lado da linha, o meu pai, rápido e conciso:
- Vamos para a Estónia, filho! Tá decidido.
- (confuso...) Desculpa? Bom dia, primeiro. Tás a falar do quê, pai?
- Vamos para a Estónia, filho! Há quanto tempo estão eles na Comunidade Europeia?
- Não sei bem... Acho que desde o ano passado, quando aderiram os últimos dez países.
- Pois, filho, é isso mesmo. Nós estamos nessa treta europeia há quase 20 anos e vê ao que chegámos...
- Sim... muitas pick-ups, jipes, alguns ferraris e porsches e tal. Mas, nem tudo é mau.
- Não é isso. Como sabes, eu e a mãe viemos celebrar o 90.º aniversário da avó a Trás-os-Montes, o que, pela primeira vez desde o 25 de Abril, me impediu de votar. OK, foi uma opção minha, consciente de que, neste país, ainda não foi possível criar um sistema que permita o voto daqueles que, por variados motivos, não se encontram perto da área de recenseamento.
- Pois é, pai, tens razão. E depois lá vêm aqueles números absurdos de abstenção, etc. Mas, a Estónia porquê?
- Olha, porque lá, tinha votado. Li hoje no Público [quarta-feira, 12 de Outubro] que a Estónia, «país apaixonado pelas altas tecnologias, deu outro sinal de inovação esta semana com o lançamento do voto pela Internet, acessível a todos os eleitores, por ocasião das eleições municipais.» Mais: «Entre segunda e quinta-feira, os eleitores puderam votar a partir dos seus computadores, em casa ou no trabalho, mantendo-se, ao mesmo tempo, as habituais mesas de voto para aqueles que quiseram optar pelo velho sistema.»
- Pois, pai...
- Percebes, filho. Não entendo o que andámos a fazer nos últimos 20 anos.
- Nem eu, nem eu.

11 outubro 2005

Bonjour monsieur Président

Está feito um génio da comédia o nosso Presidente da República. Hoje, num discurso na sede da Unesco, Jorge Sampaio decidiu atacar «a ditadura da língua inglesa», defendendo, e bem, a nossa, a portuguesa. Até aqui, tudo certo. Mas, então não é que decidiu fazê-lo utilizando a língua... francesa. Oh, monsiuer Président, por favor!!!

Sem palavras


Sugestões da semana

Começa hoje neste cantinho uma rubrica semanal de sugestões ou dicas ou... chamem-lhe o que quiserem. Sai sempre às segundas, ok.
DVD
Oldboy (Coreia do Sul, 2003), de Chan-wook Park, com Min-sik Choi e Ji-tae Yu

Cinema
Alice (Portugal, 2005), de Marco Martins, com Nuno Lopes e Beatriz Batarda



Livro
A Montanha da Alma, de Gao Xingjian (China)


CD
Funeral, dos Arcade Fire (Canadá, 2005)


10 outubro 2005

Por dois votos se vence, por dois votos se perde

Ainda estou a esfregar os olhos e a beliscar-me. Será mesmo verdade? Vou tentar resumir... Resido na Charneca de Caparica, mas continuo recenseado na Damaia, onde vivi até aos 25 anos. Portanto, como sempre, lá fui até à terrinha, colocar as três cruzinhas nos boletins. De pouco serviu, a minha escolha ficou em terceiro. Do mesmo modo, também a minha carlita foi até aos Olivais colocar o seu voto na urna (a escolha dela é igual). Até aqui tudo bem... Dever cívico cumprido. O pior mesmo foi reparar hoje, um dia depois das eleições, que na Charneca os resultados foram os seguintes: PS, 2490 votos; CDU, 2488. É preciso dizer mais alguma coisa? ****-**!!!

Chamem-lhe parvo...

Perguntaram um dia ao Imam Al Ghazzali: «Como adquiriste tanto saber?»
A resposta: «Nunca tive vergonha de perguntar».

in Gulistan, de Sa'di (1256 d.C.)

Nomes esquisitos (como o meu...)

Aqui vão alguns nomes de presidentes de Câmara eleitos ontem. É coisa para terem resultado em belos slogans de campanha, não?

Barrancos: António Pica Terreno (CDU)
Cuba: Francisco Galinha Orelha (PS)
Moura: José Pós Mina (CDU)
Idanha-a-Nova: Cachucho Rocha (PS)
Borba: Ângelo Verdades (PS)
Mora: José Manaia Sinogas (CDU)
Portel: Norberto Patinho (PS)
Reguengos: Víctor Barão Martelo (PS)
Vila Viçosa: Manuel Fontainhas Condenado (CDU)
Monchique: Carlos Alberto Tuta (PS)
Alcobaça: José Sapinho (PSD)
Cadaval: Aristides Sécio (PSD)
Mafra: Ministro dos Santos (PSD)
Campo Maior: João Borrega Burrica (PS) gosto mesmo deste :-)
Nisa: Maria Menino Tsukamoto (CDU)
Alcochete: Luís Carraça Fraco (CDU)
Sesimbra: Augusto Carapinho Pólvora (CDU)
Alijó: José Cascarejo (PS)

P.S.: É bom saber que não estou só neste mundo dos nomes estranhos!

Obrigado, Avelino!



«A minha derrota deve-se às campanhas orquestradas por televisões, rádios e jornais», gritou Avelino Ferreira Torres, na curta e irritada declaração logo após o conhecimento dos resultados eleitorais em Amarante. Para que conste: PS 41,9 %; Avelino 27,6; PSD 25,7. «Bendita orquestra!», grito eu. E, no que me toca, obrigado sr. Avelino pelo elogio aos excelentes trabalhos de investigação elaborados por alguns camaradas de profissão. Deixo, como exemplo, a (boa) reportagem de Tânia Pereirinha, publicada na revista Sábado de 16 de Setembro deste ano. Penso que o título diz tudo: «O padrinho de Amarante». Qualquer coisa a fazer lembrar Copolla, Marlon Brando, Al Pacino e De Niro. Pois... Então adeus, Avelino! Pena mesmo é que, noutros locais a Norte e a Sul deste país, as tais campanhas não tenham resultado.

09 outubro 2005

Génios no sótão



Não conhecia a moça. Chama-se Filomena Cautela, diz-se que é actriz, não sei se boa, se má, e que, dentro de dias, até vai ser apresentadora MTV. Mas o que interessa é que gostei muito do discurso dela numa entrevista, imagine-se, à VIP. Fica só um exemplo: considera a rapariga que «vivemos num país de génios no sótão e de lixo na ribalta.» Também acho! Mesmo!

(Foto publicada em Jornal Digital)

E, agora, dissolve-se a coisa, ou não?

Apenas uma pergunta, sr. Presidente, relacionada com coerência. E, agora, perante os resultados eleitorais (leia-se derrota humilhante do seu P.S.), dissolve-se novamente o Parlamento? Vamos a isso, então. Vá lá! Estou irritado. Hoje, não quero ser deste país. Sou angolano, pronto!


 

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