
Bom... Para abreviar: tenho uma familiar próxima com graves de problemas de saúde que, há dois meses, por falha do dispositivo intra-uterino, engravidou (sim, malta, mesmo com todos os cuidados, os acidentes acontecem...). Ora, devido aos tais problemas de saúde, médica de família e psicóloga que a acompanham logo redigiram relatórios para que se avançasse com a interrupção IMEDIATA daquela gravidez pelo risco que colocava no que respeita à vida da mãe. Segui-se a ida ao hospital (do Estado porque isto não há dinheiro para mordomias), onde aconteceu o pior: a minha familiar foi escorraçada, mal-tratada, ofendida e, finalmente, enviada para casa. Sob risco de a continuação do processo neste país de merda ultrapassar as 10 semanas que a actual lei defende (sim, um dos argumentos do "não" é dizer que a lei actual já está muito bem, já permite aborto para os casos de violação ou de má formação do feto ou de risco de vida para a mãe ou para o feto), não lhe restou outra solução: teve de ir a Espanha tratar do assunto, a Mérida mais propriamente, pois lá é mais barato do que em Badajoz, onde se aproveitam da desgraça lusitana com preços proibitivos.
Eu sei que é difícil acreditar nestas histórias mas elas acontecem.
Portanto, duma vez por todas, deixem-se de merdas! Malta do "NÃO", não me venham mais com argumentos! Porque eles não existem! Já chega, tá!
3 Comments:
Eu sou pelo SIM..e agora que li isto ainda sou mais!
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peace_love, at 11:29 da manhã
Sinceramente, e obviamente que não por este género de casos, sou do não, e como nos blogs a que costumo ir só vejo sins, eu escrevo acima de tudo para admiti-lo sem medo, porque é um assunto que como costumo dizer, não o gosto de discutir, tenho a minha ideia e mais nada.
Acho que quanto a este caso tens toda a razão pim, e eu sou pelo não por outros motivos, e acho que não se pode julgar tudo da mesma forma. Bem, já te dei razão, e não gostei do último parágrafo, não se pode generalizar, não somos todos iguais, até os que estão do mesmo lado são diferem uns dos outros.
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bonifaceo, at 4:18 da manhã
2 peace_love:
Obrigado pela visita e continua a passar aqui no cantinho.
Bejos e abraços
2 Boni:
Compro dois argumentos do «Não», só dois (e já é muito), embora em última análise consiga encontrar motivos para contrariá-los.
Obviamente tb sou pela vida e também acho que já há vida às 10 semanas, ok. Mas não é este o argumento que compro porque não é isto que vai ser colocado em referendo. O que vai a votos é uma lei, injusta e, pior, impraticada (porque não acredito que nem tu nem alguém estejam dispostos a denunciar mulheres como a familiar da história que conto). Os tais argumentos do «NãO» de que falo, e que até compreendo, são:
1 - o aborto clandestino não vai acabar com o facto de se despenalizar até às 10 semanas porque 30 por cento (segundo sondagens) dos abortos são praticados para lá das 10 semanas;
(Resp: Porém, há 70 por cento de casos que serão, finalmente, praticados em condições humanas, dignas e com o devido acompanhamento médico. Bastava que um se resolvesse e já valeria a pena)
2 - A sociedade ideal é a sociedade na qual ninguém tem de recorrer ao aborto (concordo!). Por isso o que há a fazer é criar leis que protejam as mulheres, que as acompanhem psicologicamente antes da gravidez, que as apoiem economica e socialmente.
(Resp: OK, porém esta sociedade citada em cima é utópica. A real é aquela onde, desde 1998, mais de 5000 mulheres deram entrada em urgências de hospital com complicações pós-aborto-realizado-ilegalmente e é aquela onde ainda se morre por este motivo. E este é o problema que, urgentemente, temos de resolver. E, urgentemente, só mudando a actual lei)
Conclusões:
1 - acusar o «NÃO» de fundamentalista é errado, porque, na verdade, o que move essa convicção é uma questão de valores que não está em discussão (sem ofensa, é portanto uma questão de ignorância do que está realmente em causa)
2 - acusar o «SIM» de fomentar o aborto (ou o aborto livre, como dizem) é absurdo, ridículo. Ninguém quer o aborto. O meu «Sim» (e penso que o da maioria dos «Sins») fomenta, antes, o fim de uma situação absurda: a existência de uma lei que ainda por cima não é praticada (de facto, não há mulheres presas). Então, para quê manter o aborto em condições sub-humanas se nem sequer a repressão da lei e o risco de prisão (ou de morte, pelos riscos de fazê-lo em vãos de escada) os consegue evitar?
Mude-se a lei, sejamos humanos. Como recentemente ouvi ao constitucionalista Vital Moreira, «o verdadeiro heroismo está na capacidade de conseguirmos, um dia, acabar com o flagelo do aborto sem nos escudarmos na repressão da lei. Isto é, onde está o heroismo de quem, na luta pela defesa da vida das mulheres e dos bebés, pode, mais cedo ou mais tarde, baixar os braços, dizendo 'ok, mais não posso fazer, se quiseres avança para o vão de escada e arrisca o julgamento'? Não, o verdadeiro heroismo está em consegui-lo sem essa lei repressiva como bengala, está em consegui-lo pelo esforço verdadeiro.»
Abraço, Boni, e obrigado pelo comentário. Da discussão, nascerá a luz...
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Pim, at 1:05 da tarde
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