O cantinho do Pim

13 outubro 2005

Vamos pá Estónia, filho!

Toca o telefone. Do outro lado da linha, o meu pai, rápido e conciso:
- Vamos para a Estónia, filho! Tá decidido.
- (confuso...) Desculpa? Bom dia, primeiro. Tás a falar do quê, pai?
- Vamos para a Estónia, filho! Há quanto tempo estão eles na Comunidade Europeia?
- Não sei bem... Acho que desde o ano passado, quando aderiram os últimos dez países.
- Pois, filho, é isso mesmo. Nós estamos nessa treta europeia há quase 20 anos e vê ao que chegámos...
- Sim... muitas pick-ups, jipes, alguns ferraris e porsches e tal. Mas, nem tudo é mau.
- Não é isso. Como sabes, eu e a mãe viemos celebrar o 90.º aniversário da avó a Trás-os-Montes, o que, pela primeira vez desde o 25 de Abril, me impediu de votar. OK, foi uma opção minha, consciente de que, neste país, ainda não foi possível criar um sistema que permita o voto daqueles que, por variados motivos, não se encontram perto da área de recenseamento.
- Pois é, pai, tens razão. E depois lá vêm aqueles números absurdos de abstenção, etc. Mas, a Estónia porquê?
- Olha, porque lá, tinha votado. Li hoje no Público [quarta-feira, 12 de Outubro] que a Estónia, «país apaixonado pelas altas tecnologias, deu outro sinal de inovação esta semana com o lançamento do voto pela Internet, acessível a todos os eleitores, por ocasião das eleições municipais.» Mais: «Entre segunda e quinta-feira, os eleitores puderam votar a partir dos seus computadores, em casa ou no trabalho, mantendo-se, ao mesmo tempo, as habituais mesas de voto para aqueles que quiseram optar pelo velho sistema.»
- Pois, pai...
- Percebes, filho. Não entendo o que andámos a fazer nos últimos 20 anos.
- Nem eu, nem eu.

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